domingo, 8 de março de 2015

Uma Regata em Buarcos




É sabido que o Mar para mim é uma opção profissional, sou Capitão de Longo Curso, faça embora, de tempos em quando, umas viagens de cabotagem, aliás já aqui narradas.
Uma vez, um amigo, há já uns tempos, convidou-me para fazer parte da sua tripulação numa Regata na baía de Buarcos,  na Figueira da Foz.

Foi uma sensação estranha fazer parte de uma tripulação em que não era eu o comandante, mas Regata não é de facto a minha praia e o veleiro estava bem entregue. Levei no entanto o meu imediato, o sr Bolha, que iria de moço de cozinha, face aos seus méritos com os tachos e caçarolas.

Largamos da Marina da Figueira já perto da hora do almoço, o que fez com que o nosso imediato/moço de cozinha, o sr Bolha, iniciasse logo os preparativos para a refeição, naquele dia um rizoto de bacon e cogumelos que, dizia ele, era uma receita que lhe tinham dado no porto de Nápoles, onde tínhamos feito escala há duas ou três semanas.
Os veleiros evoluíam em manobra da largada, o meu amigo fazia leme, eu auxiliava nos cabos e o moço de cozinha preparava o rizoto para o almoço.
Finalmente a largada foi dada e nós seguíamos, garbosos, para a bóia de barlavento, em bolina cerrada.

Nessa derrota, pela inclinação que levávamos, o sr Bolha entornou, por duas vezes, o rizoto na antepara que separava a cozinha do salão. Gritava como se não houvesse amanhã, queria que colocássemos o veleiro direito para ele poder concluir o rizoto. Ora tal não era possível, sob pena de nos atrasarmos na corrida para a bóia de barlavento.
Mas a terceira desgraça acontecera, pela terceira vez o rizoto, apesar da báscula do fogão, entornara-se pelo chão.

O skipper, face à tragédia que se avizinhava, ficarmos sem almoço, diz através do VHF que íamos parar um pouco a competição para concluir o rizoto e, já agora, almoçar.
O presidente do jurí da Comissão de Regatas era, nem mais nem menos, o Mestre Tobias que, nas suas horas vagas e como hobbie, era júri de Regatas de Vela.
Aproximou-se logo do nosso veleiro, amarrou o barco do júri ao nosso e abotoou-se com o nosso rizoto todo, mais duas garrafinhas de Esteva Tinto 2011 que tínhamos guardadas para a merenda.


Ainda por cima desclassificou-nos, não nos mostrando em parte nenhuma do Regulamento, uma regra que fosse que nos proibisse de comer rizoto numa regata e muito menos o poder de confisco do Comité de Regatas aos rizotos das tripulações em competição,

1 comentário:

Jackie Goulart disse...


Mundo feito de injustiças! Estou revoltada. Revoltada!